sexta-feira, 2 de dezembro de 2016



A vaquejada e o rodeio foram reconhecidos oficialmente como manifestações da cultura nacional e patrimônio cultural imaterial. O reconhecimento está na Lei 13.364/2016, sancionada pelo presidente Michel Temer (PMDB), publicada nesta quarta-feira (30), no Diário Oficial da União. A decisão ocorre quase dois meses depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar inconstitucional uma lei do Ceará que regulamentou a vaquejada como prática desportiva e cultural no estado

Na vaquejada, um boi é solto em uma pista e dois vaqueiros montados a cavalo tentam derrubá-lo dentro de uma área estabelecida e marcada por cal. Segundo as regras do esporte, a derrubada só é considerada válida se o boi cair, ficar com as quatro patas para cima e se estiver na área delimitada. Dependendo do local da queda, pontos são somados ou não a dupla. É promovida em municípios brasileiros há mais de 100 anos, segundo o autor do texto aprovado, deputado Efraim Filho do DEM-PB (guardem este nome e este partido).

FATO

Convocada para participar da audiência pública das Comissões de Esporte e Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, a diretora técnica do Fórum Animal, Vania Nunes, comprovou que não existe prova de vaquejada sem crueldade e sofrimento.
A veterinária apresentou slides e dados técnicos mostrando as atrocidades que acontecem com o animal quando submetido a provas como esta, aniquilando os argumentos de que os atuais artifícios - como protetor de cauda e chão de areia fofa - minimizam o impacto.
“Está claro que vaquejadas são provas intrinsecamente cruéis, violentas e provocam sofrimento físico, mental e comportamental aos animais. Podem ser mais ou menos violentas, mas serão sempre violentas. Não existe prova de vaquejada sem sofrimento e crueldade”, finalizou.

CONSTATAÇÃO

A população se manifestou em na Consulta Pública realizada pelo Senado ( ver aqui ) e o resultado é que 74.96% das pessoas são contrárias ao projeto que tenta proteger os rodeios e vaquejadas. A enquete teve mais de 50 mil votos.

POSSÍVEL EXPLICAÇÃO

Arenas lotadas, com média de público superior a 80 mil pessoas por noite. Premiações milionárias, que movimentam cerca de R$ 14 milhões por ano. Competidores, que podem ganhar até R$ 150 mil vencendo uma prova, tratados como celebridades. Não, não se trata de nenhum campeonato de futebol, esporte considerado a paixão nacional.
Os vultosos números se referem às vaquejadas, festas que há mais de 40 anos conquistaram o Nordeste brasileiro e que a cada ano avançam para outras regiões do País. Entre premiações, shows e publicidade, estima-se que as festas girem algo em torno de R$ 50 milhões por ano.
E infelizmente estamos no pais da propina e da corrupção...